Sintepe promove encontro cultural entre coral de aposentadas e Orquestra Mestre Nado

Na tarde da segunda-feira, 16 de junho, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) realizou uma apresentação cultural do seu Coral de Aposentadas com a Orquestra Mestre Nado, em alusão ao Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. O evento foi realizado na sede do sindicato, no bairro da Boa Vista, Recife.

A programação reuniu o Coral de Aposentadas do Sintepe e a Orquestra Mestre Nado, que mistura o som ao barro, com instrumentos feitos com argila. Já o coral, composto por 20 aposentadas da Educação, é regido pela maestrina Calini Teixeira e tem se destacado como espaço de convivência e valorização da memória de quem dedicou a vida à educação pública.

O dueto que encantou o público com o som de instrumentos produzidos artesanalmente em barro fez com que a energia tomasse conta do auditório, que cantou e dançou ao som da celebração.

A presidenta do Sintepe, Ivete Caetano, reforçou a importância da valorização dos aposentados e da cultura, que muitas vezes são invisibilizados e por vezes sofrem algum tipo de ataque ou violência. “Essa plenária é um momento de reconhecimento e afeto. Aquelas e aqueles que dedicaram sua trajetória à escola pública devem ser valorizados e ter a Orquestra Mestre Nado dividindo esse momento com o coral, será emocionante para todos nós”, afirmou.

Sara Cordeiro, presidenta do Instituto Mestre Nado falou sobre a parceria entre o Sintepe e o Instituto. “Foi um momento muito especial, um momento de preparação. Já nos ensaios, éramos tomados por uma emoção muito especial e hoje, então, se concretizou num fato histórico, marcante, um momento, inclusive, de luta, de resistência, de intergeracionalidade, juntar a orquestra nesse lado com o coral do outro”, enfatizou Sara.

Conheça Mestre Nado

Agnaldo da Silva, mais conhecido como Mestre Nado, é um dos grandes nomes da cultura popular pernambucana. Nascido em Olinda, descobriu ainda criança sua paixão pelo barro, transformando-o em arte e, mais adiante, em som. Autodidata e persistente, construiu sua trajetória trabalhando desde cedo em olarias e superando os desafios da vida com criatividade e resiliência.

Nos anos 1970, após perder tudo em uma enchente, encontrou sob seus pés uma nova fonte de barro e, com ela, uma nova possibilidade: ao moldar uma pequena peça e fazer furos, descobriu a sonoridade do material, nascia ali a essência das suas famosas esculturas cantantes. A partir daí, mergulhou nos estudos da música, criou mais de 70 instrumentos de sopro e percussão e se tornou referência nacional e internacional. Suas criações já foram usadas por artistas como Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Antônio Nóbrega e até pela Orquestra Sinfônica de São Paulo.

Hoje, à frente do Instituto Mestre Nado, em Olinda, o artista plástico mantém viva sua arte e saberes, transmitindo conhecimento a crianças, jovens e idosos em oficinas e apresentações. Ao lado dos filhos, também músicos, segue ensinando que o barro, assim como a vida, pode sempre ser moldado com sensibilidade, resistência e som.