Em Vitória, evento vai celebrar os 70 anos das Ligas Camponesas de Galileia

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Em Vitória, evento vai celebrar os 70 anos das Ligas Camponesas de Galileia

Acontece neste domingo (27.04), em Vitória de Santo Antão, na Mata Sul, um evento que comemora os 70 anos das Ligas Camponesas. Organizada pela Secretaria de Cultura, Turismo e Economia Criativa (Seculte), a programação ressalta a importância do movimento agrário que surgiu no Engenho Galileia, na zona rural do Município, em busca de dignidade para os trabalhadores do campo, sobretudo por assistência médica, jurídica e de defesa. As atividades ocorrerão no próprio engenho, das 8h às 12h, e contam com feira de produtos agrícolas, oferta de serviços de saúde e assistência social, exposição de artesanato, apresentações culturais, contação de história, exibição de documentário e mesa redonda.

O “Viva Galileia”, como é intitulado, tem como público-alvo discentes, moradores de comunidades rurais, agricultores, artistas, representantes de instituições governamentais e não governamentais, objetivando discutir as potencialidades da comunidade na educação, na agricultura familiar e no turismo comunitário, além de atrair investimentos de infraestrutura e gerar renda para os moradores locais.

“A nossa ideia é promover um evento que exalte a história do berço da Reforma Agrária no Brasil e valorize o Engenho Galileia como patrimônio cultural. Isso é de fundamental importância para o fortalecimento da história vitoriense e para dar visibilidade à comunidade, podendo impactar os moradores nas áreas da saúde, educação, habitação e geração de renda”, destacou Lázaro Santos, diretor da Seculte.

HISTÓRICO
Em 2025, comemora-se os 70 anos de fundação da Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), criada em 1954 e legalmente constituída em 1955, pelos moradores arrendatários da localidade de Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão, a 50 quilômetros de Recife, onde viviam e trabalhavam cerca de 140 famílias. Foi um movimento social organizado pelos trabalhadores do campo como forma de mobilização para garantir terra e trabalho.

Apesar de inicialmente concordar com a criação do movimento, o proprietário da terra voltou atrás no seu apoio, alegando que “aquilo era comunismo”. As famílias foram despejadas, mas os camponeses resistiram e buscaram apoio na Justiça, através do advogado e deputado pelo Partido Socialista, Francisco Julião Arruda de Paula e, em janeiro de 1955, a SAPPP foi legalizada. Eles obtiveram vitória na Justiça em 1958, naquela que seria apontada por alguns como a primeira desapropriação legal para fins de reforma agrária no Brasil. As 140 famílias ganharam, através da SAPPP, a propriedade daquelas terras. A vitória reverberou entre camponeses de Pernambuco e em estados vizinhos.

A partir de então, o movimento das Ligas Camponesas se espalhou pelo Nordeste, especialmente depois da seca de 1958, quando milhares de trabalhadores rurais uniram-se, na cidade de Recife, para o “Primeiro Congresso de Foreiros e Proprietários”. A seguir, o movimento estendeu-se a Minas Gerais e interior do Rio de Janeiro e, com o apoio da ala progressista da Igreja, as Ligas Camponesas ganharam força e dinamismo.