Desertificação avança em Pernambuco e ameaça tornar 90% do estado árido

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Desertificação avança em Pernambuco e ameaça tornar 90% do estado árido

Pesquisas recentes apontam que cerca de 90% do território pernambucano já apresenta características de clima semiárido, abrangendo o Agreste, o Sertão e avançando sobre a Zona da Mata Sul. Municípios como Pombos e Chã Grande, que antes não faziam parte dessa classificação, agora integram a lista de 125 cidades vulneráveis à desertificação. O avanço do fenômeno é um alerta crítico para o futuro da região.

O agravamento da desertificação, impulsionado pelas mudanças climáticas, pode tornar Pernambuco e o Nordeste ainda mais áridos e inóspitos. Estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no ritmo atual, a região enfrentará temperaturas extremas, impactando a saúde da população, a produção agrícola e a disponibilidade de água.

A desertificação da Caatinga e o risco de colapso ambiental
A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, está na linha de frente desse processo de degradação. De acordo com levantamentos recentes, 12,85% do semiárido brasileiro—o equivalente a 126.336 km²—já está em processo avançado de desertificação. Desde a década de 1960, a região semiárida cresceu 40%, alcançando quase 800 mil km² entre 1990 e 2020.

O impacto direto pode ser devastador: sem medidas urgentes, até 2060, cerca de 90% das espécies de fauna e flora da Caatinga podem ser extintas. Além disso, o fenômeno trará ondas de calor extremo, comprometerá a segurança hídrica e poderá causar o êxodo de milhares de pessoas, agravando ainda mais as desigualdades sociais no Nordeste.

A urgência de políticas públicas para conter o avanço da aridez
Diante desse cenário preocupante, especialistas e parlamentares reforçam a necessidade de ações concretas para mitigar os impactos da desertificação. No encontro Pernambuco em Perspectiva, o ex-governador Paulo Câmara, do BNB, apresentou estratégias para captar recursos e financiar iniciativas de desenvolvimento sustentável.

Entre as principais medidas sugeridas para frear o avanço da aridez estão o fortalecimento da agricultura sustentável, políticas de reflorestamento, ampliação da fiscalização ambiental e incentivo a práticas de conservação do solo e da água.

Apesar dos avanços no combate ao desmatamento na Amazônia — com uma redução de 50% nas queimadas em 2023 —, a Caatinga segue sendo um bioma negligenciado. A crise climática já está presente, e Pernambuco precisa agir rapidamente para proteger seu território, garantir a sobrevivência de suas populações e evitar que o avanço da desertificação torne o estado cada vez mais árido e vulnerável.

A luta pela preservação da Caatinga não é apenas uma questão ambiental, mas também social e econômica. Se nada for feito, o impacto será irreversível, ameaçando a biodiversidade, a produção agrícola e a qualidade de vida das futuras gerações.