Políticas de prevenção e combate ao HIV/Aids são discutidas na Alepe
Pernambuco confirmou 2.312 novos casos de HIV/Aids em 2024, segundo o último Informe Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde. O documento também aponta aumento nos diagnósticos entre homens de 20 a 29 anos e mulheres de 40 a 49 anos. Os desafios para a prevenção e o acesso ao tratamento médico foram temas de audiência pública da Comissão de Cidadania da Alepe, na última quinta (07.08). Presidente do colegiado, a deputada Dani Portela, do PSOL, afirmou que os dados mostram a urgência em se aprofundar o debate sobre o tema. A parlamentar cobrou a ampliação das testagens para identificar os casos de maneira mais precoce.
“Precisamos nos organizar, e é isso o que a gente vem fazendo há muitos anos, para enfrentar um problema que não é apenas das pessoas que vivem e convivem com HIV e AIDS. É um problema nosso, de todos. É um problema do Estado de Pernambuco.”
Representante do Movimento Cidadãs Posithivas de Pernambuco, Ivanise de Vasconcelos defendeu que o poder público vá além da testagem e do tratamento básico. Ela reforçou a importância de se atenderem às demandas de cada camada social. Como exemplo, citou o passe livre no transporte público para pessoas de baixa renda. “Muitas dessas mulheres, elas não têm trabalho. Se ela tiver R$ 10 e ela, ao invés de ir buscar seu medicamento ou fazer seu tratamento, ou comprar o leite ou o pão para seu filho, ela vai deixar de ir à sua consulta ou de pegar seu medicamento para alimentar seu filho.”
Vice-presidente da Associação Mães da Resistência, Melyssa Chaves comentou pesquisa recente feita pela entidade com gestores públicos. Os resultados mostram um investimento maior das capitais, incluindo o Recife, em ações de prevenção, seguindo as políticas ofertadas pelo Ministério da Saúde.
Gestor da Política LGBTQIAPN+, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência do Estado, Denilson Cunha destacou a inauguração de um ambulatório no Hospital Correia Picanço para reforçar a rede de atenção à saúde das pessoas que vivem com HIV e Aids. A gerente estadual de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis e Aids, Graziele dos Santos Vasconcelos, acrescentou que Pernambuco possui hoje unidades de atendimento de DST/Aids em 37 municípios. “Estamos cada vez mais trabalhando na estratégia da prevenção e ampliação da prevenção combinada em nossos serviços.”
Já o coordenador de DST/Aids da Prefeitura do Recife, Airles Ribeiro, apresentou a ação “Vamos prevenir, vamos testar”, que leva uma van para realizar testagem rápida e conscientização. Ele ainda ressaltou que, no Recife, a população tem acesso rápido e fácil às medicações necessárias, inclusive antes de uma possível exposição ao vírus. “Recife hoje institucionalizou a Prep como uma das melhores formas, mais práticas, de prevenção em relação ao HIV. Mas não foi fácil.”
Durante o debate, foi entregue o “Selo ODS Brasil” à Associação Mães da Resistência, movimento de ativismo de mães de pessoas LGBTQIAPN+ para transformação social e inclusão. A distinção é dada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reconhece entidades que atuam com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Como encaminhamentos da audiência, Dani Portela anunciou que a Comissão vai oficiar o Governo do Estado e prefeituras para saber se existem ações para o envelhecimento saudável de pessoas com HIV ou Aids e cobrar maior diálogo da gestão Raquel Lyra com coletivos. Também será solicitada à Secretaria de Assistência Social a distribuição de cestas básicas para pessoas com HIV, Aids e tuberculose. A deputada ainda anunciou a apresentação de um projeto de lei voltado a políticas públicas de saúde para mulheres e meninas em vulnerabilidade, enfrentamento de infecções sexualmente transmissíveis e combate ao preconceito.