Em processo de tombamento, Cemitério São Sebastião recebeu visita técnica da Fundarpe
Atividade fez parte da programação da Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, e contou com a presença de pesquisadores da UFPE e de representantes da Prefeitura de Vitória de Santo Antão
Postado por Fundarpe
A Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco realizou, na quinta-feira (22.08), uma visita técnica ao Cemitério Municipal de São Sebastião, em Vitória de Santo Antão, um dos patrimônios cemiteriais e históricos pernambucanos que está em processo de tombamento junto ao Governo do Estado. Com mais de 12 mil túmulos, o cemitério preserva sua configuração inicial e conta com influências neoclássicas, góticas, ecléticas, além de adornos judaicos e egípcios nos túmulos.
A visita foi guiada pelo arqueólogo Marcelo Hermínio dos Santos, natural de Vitória de Santo Antão e autor do pedido de tombamento ao Governo de Pernambuco. Marcelo Hermínio tem muita propriedade para falar sobre o assunto, pois seu doutorado foi concluído com a pesquisa intitulada Práticas funerárias religiosas no Cemitério de São Sebastião – Vitória de Santo Antão-PE (1875-2020). Clique AQUI e confira.

A visita guiada por feita pelo arqueólogo Marcelo Hermínio dos Santos, autor do pedido de tombamento do Cemitério de São Sebastião e um pesquisador sobre o local
A atividade também fez parte da programação da Semana do Patrimônio Cultural de Vitória de Santo Antão e contou com a participação de estudantes de graduação, mestrado e doutorado do Departamento de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além de representantes das secretarias de Educação e Cultura da prefeitura municipal. Também estiveram no local técnicos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que foram acompanhar de perto o processo de tombamento do espaço.
“A construção do Cemitério de São Sebastião, iniciada em 1873 e concluída em 1875, data uma época em que uma série de cemitérios públicos foram construídos no Brasil a partir da proibição dos enterros nas igrejas, em 1801. Este fato se deu como parte de uma política higienista iniciada naquele período e voltada para a modernização das cidades, mas também marcada pela transição do período imperial ao republicano”, destaca Pollyana Calado, técnica da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC) da Fundarpe e pesquisadora sobre o patrimônio cemiterial no Estado.

Inaugurado em 1875, o Cemitério São Sebastião vai completar 150 anos em 2025
Em Pernambuco, a proibição efetiva dos enterros em igrejas aconteceu em 1841. Logo em seguida, veio a inauguração do Cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção de Santo Amaro das Salinas, conhecido como Cemitério de Santo Amaro, em 1851 – local que é tombado pelo Governo de Pernambuco. Depois, surgiram outros cemitérios, dentre eles o Cemitério de São Sebastião, que apresenta detalhes urbanísticos e históricos que se assemelham aos outros construídos na época.
Após a visita guiada, foi realizada uma roda de diálogo na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão (IHGVSA), com o objetivo de discutir detalhes do processo de tombamento do cemitério histórico da cidade, bem como as proposições de preservação e conservação do local. O Edital de abertura do processo de tombamento em curso foi publicado no Diário Oficial de Pernambuco, no dia 1º de maio deste ano.

Após a visita guiada, foi realizada, no Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão, uma roda de diálogo para discutir os anseios do tombamento e as proposições de preservação e conservação do Cemitério de São Sebastião
“O Cemitério de São Sebastião apresenta uma representação única da sociedade vitoriense dos últimos 150 anos, desde questões da religiosidade e costumes até patrimônios materiais como jazidas centenárias que existem no local. A necessidade de propor o tombamento deste espaço aconteceu com percepção de que ele deve e merece ser preservado. É importante para que as próximas gerações possam saber do seu passado e para que possam olhar para o seu futuro”, destacou Marcelo Hermínio.
“Foi muito importante a presença da Secretaria Municipal de Educação neste encontro porque a educação patrimonial é fundamental na conservação deste bem. A relação de pertencimento da comunidade com o local é o que vai garantir que ele seja preservado. O tombamento é uma ferramenta rígida neste sentido, mas não é uma garantia sem o envolvimento da sociedade na proteção deste patrimônio”, ressaltou Nilson Cordeiro, técnico da DPPC da Fundarpe presente no encontro.
SEMANA DO PATRIMÔNIO – Promovida pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundarpe, o evento chegou à sua 17ª edição e conta com a colaboração de diversos parceiros e prefeituras municipais de todas as regiões do Estado, se estabelecendo como um espaço de debates sobre questões essenciais para a compreensão das formas de constituição, valorização, reconhecimento e preservação dos patrimônios culturais.
Neste ano, com o tema “Educação, Território e Participação Social”, a Semana buscou destacar a relevância dos diferentes processos educativos, da participação social e gestão compartilhada na proteção e salvaguarda dos patrimônios culturais em diversos territórios pernambucanos. Clique AQUI e confira a Programação.
Fotos: Eduardo Cunha/Secult-PE/Fundarpe