Casarão do Engenho Verde, em Palmares, destruído antes de submergir

O bangalô do Engenho Verde foi construído no século 19 com desenho do engenheiro José Tibúrcio Pereira de Magalhães. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
A casa-grande do Engenho Verde será inundada pela Barragem Serro Azul, obra do governo de Pernambuco para contenção de enchente na Mata Sul
Jornal do Commercio
A casa-grande do Engenho Verde, em Palmares, município da Mata Sul de Pernambuco, está desaparecendo aos poucos, antes mesmo de ser inundada pela Barragem Serro Azul, obra do governo do Estado para contenção de cheias do Rio Una e abastecimento. Paredes foram derrubadas; portas, janelas, gradis, telhado e pisos sumiram; mato e árvores crescem no lugar de salas e quartos.
Em 2013, quando o Estado conduzia o processo de desapropriação do Engenho Verde, o casarão estava inteiro, mobiliado e funcionava como hotel fazenda. No ano seguinte, o governo prometeu ao Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) que o bangalô seria reconstituído em outra área de Palmares, com o reaproveitamento de peças do imóvel, como sugeria a secular entidade.
A ideia do IAHGP era retirar gradis, portas, janelas, escadas e outros elementos da edificação para compor o novo casarão. “Seria a primeira transferência desse tipo realizada em Pernambuco. O Itep (Instituto de Tecnologia de Pernambuco) fez o levantamento fotogramétrico preciso do imóvel e isso ajudaria no projeto. Mas sem as peças não temos como reconstituir a casa, está tudo arrebentado”, lamenta o arquiteto José Luiz Mota Menezes, do Instituto Arqueológico.
Tijolos das paredes derrubadas da casa-grande do Engenho Verde estão amontoados pelo chão. Dos cinco arcos que decoravam uma das paredes laterais do terraço, três foram demolidos. O casarão tem nove arcos na fachada principal e outros cinco na outra parede lateral. O gradil de todos desapareceu.