Plantio de Guaraçá no IFPE Vitória une criatividade, tecnologia e participação estudantil

PUBLICIDADE

Image
Image

Plantio de Guaraçá no IFPE Vitória une criatividade, tecnologia e participação estudantil

Seja na agricultura ou no serviço público, inovar é resolver problemas complexos através da junção dos recursos, das técnicas e das tecnologias disponíveis. E foi isso que o IFPE Campus Vitória de Santo Antão pôs em prática ao aproveitar uma área de solo encharcado para cultivar guaraçá, ou seja, goiaba enxertada em pés de araçá.

A área, que durante muitos anos foi um problema, fica por trás do prédio da Coordenação-Geral de Produção (CGP), e é composta por um solo bastante difícil, argiloso e com sérios problemas de drenagem. Por lá, já se tentou plantar caju, que não deu certo, e arroz, que até se adaptou, mas o cultivo não prosseguiu porque não faz parte do arranjo produtivo local.

Então, técnicos e estagiários da Coordenação Geral de Produção (CGP), em parceria com alunos do Programa Despertando Vocações para as Ciências Agrárias (PDVAgro), atuaram para resolver o problema em duas frentes: melhorar a condição do solo e cultivar uma planta resistente e com grande potencial para a agroindústria. Uma iniciativa que une criatividade, tecnologia e participação estudantil e de colaboradores que atuam no campo.

Primeiro desafio: o solo
O solo encharcado da área exigia uma boa drenagem, o que, no cenário ideal, seria feito com dutos corrugados, que são conhecidos pela flexibilidade, resistência à corrosão e longa vida útil. O problema é que esses dutos são caros, e na realidade de restrição orçamentária que a instituição enfrenta, eles não seriam viáveis. A solução encontrada não é nova, mas foi adaptada e inovadora ao contexto: utilizar drenos de bambu.

Funcionará da seguinte forma: Os bambus serão dispostos no leito do dreno e cobertos. A água vai penetrar e escoar por capilaridade e fluxo para uma vala coletora e, em seguida, será destinada a um reservatório (açude, barragem ou um manancial natural) ou para a área de cota mais baixa (o ponto mais baixo da área).

“Temos que trabalhar com o disponível. Isso é a realidade do campo. Então essa técnica está alinhada com o que tem na região e tem o custo é acessível, pois estamos utilizando matéria-prima que tem na campus”, destacou Alisson Rocha, engenheiro agrônomo e técnico em agropecuária da CGP.

Segundo desafio: drenagem eficiente
Mas como identificar os melhores locais para implantar os dutos de bambu e ter uma drenagem eficiente do solo? A solução veio de cima. A equipe realizou um levantamento planialtimétrico (topografia do lugar) utilizando um drone, uma tecnologia de sensoriamento remoto. Essa tecnologia permitiu identificar a melhor localização para os drenos e a disposição correta. Já o espaçamento entre os drenos foi definido pela equipe, o que demonstra aplicação do conhecimento técnico para otimizar a solução.

Terceiro desafio: o plantio
Além da dificuldade em encontrar uma cultura que prosperasse naquele tipo de solo, um outro desafio dado pela CGP foi viabilizar uma cultura de alto valor na agroindústria, que pudesse ser utilizada nas atividades e no refeitório do campus, por exemplo. A solução proposta foi o plantio de guaraçá, um cultivar de goiaba que surge de um processo de enxertia. Nesta técnica, uma planta é enxertada em outra, com características diferentes e que traga benefícios e maior produtividade.

A espécie escolhida para receber os enxertos foi o araçá, uma planta rústica e nativa da região, adaptada às condições de solos ácidos e alcalinos, que serve como “cavalo” (base). Nele é enxertada a goiaba paluma, uma variedade de alta produção e valor comercial, podendo ser usada para fazer sucos, pectina e vários outros produtos. Assim é produzido o guaraçá.

“Tecnicamente é um enxerto, é um processo de enxertia. É como se você fizesse uma solda de uma planta rústica embaixo e uma planta não tão rústica. Assim, a planta que está acima tem contato com esse solo, ponto mais adverso daquela área, através de uma planta mais resistente”, explicou Alisson.

Acompanhamento

A equipe da CGP fará um acompanhamento do plantio, ao longo deste ano. E os resultados obtidos em cada etapa serão compartilhados com a comunidade. A expectativa é que os frutos produzidos nesta área sejam processados e utilizados no refeitório do campus.

Assessoria